sábado, 23 de janeiro de 2021

Um Jeito Estranho de Amar - Epílogo


Hoje o dia estava sendo perfeito para a jovem Anastasia, mesmo ela estando com alguns enjoos esporádicos, mas isso era normal para a condição atual dela. Ethan terminou de arrumar o penteado simples, porém elegante de Ana e juntamente com sua irmã Mia e a esposa de Raymond, a ajudaram a se vestir.

Usando o lindo vestido de noiva, no estilo princesa com ombros à mostra e mangas em tule bordado que ainda permitiam ver suas belas tatuagens em um dos braços, Anastasia se encontrava admirando-se ao espelho do quarto quando de repente um dos seus amados abriu um pouco a porta e enfiou a cabeça pela brecha.

— Será que posso entrar? – Jack indagou, mas não esperou a resposta e adentrou o quarto de sua noiva, já sorrindo meio emocionado ao vê-la vestida daquele jeito – Meu Deus... Como você está linda, Bonequinha!

A bela jovem sorriu pelo elogio de um de seus dois futuros maridos e ignorou os protestos dos demais presentes no quarto, que queriam expulsá-lo dali.

— Podem nos deixar a sós, por favor? – Ana pediu enquanto se aproximava de Jack, o enlaçando-o pelo pescoço à medida que os braços dele a envolviam gentilmente.

— Isso dá azar, sabia né Jackito?

Os dois apenas sorriram do comentário do Ethan, que logo saiu do quarto acompanhado por Mia e por Carla, dando “Tchau” aos dois noivos.

— Como você está? – Jack perguntou para Anastasia, se desvencilhando um pouco dela.

— Enjoada, mas já tomei o remédio para enjoo então não vou vomitar durante a cerimônia – ela comentou, sorrindo – Também estou um pouco nervosa.

— Porque, Bonequinha? Nós três praticamente já vivemos como casados, apenas iremos formalizar nossa união.

— Eu sei, Ursinho. Mas será que o Mozão vai gostar da nossa surpresa? Será que ele não vai ficar bravo por termos decidido isso sem o consentimento dele? – Ana indagou meio receosa.

— Ele vai amar a notícia, tenho certeza, Bonequinha. O sonho do Christian é ter um filho de sangue e você está realizando isso para ele agora – Jack confidenciou enquanto acariciava o rosto de sua amada, mãe de suas duas filhas – E eu acho que esse momento deveria ser especial e exclusivo do Mozão, por isso...

Ele então se afastou um pouco, tirando do bolso interno do smoking branco, um pequeno envelope e o entregou para sua noiva, que o abriu meio desconfiada, mas já ficando surpresa ao ver o que continha dentro.

— Duas passagens de avião para Dubai? – Anastasia murmurou estranhando aquilo.

— Sim. Esse momento tem que ser perfeito.

— Mas... – ela tentou falar, mas Jack colocou o dedo sobre os lábios de Ana, impedindo-a de continuar.

— Não se preocupe, Bonequinha. Eu já providenciei tudo. Vocês irão na frente, chegarão de tardezinha e poderão ter um momento a sós para você contar sobre a chegada desse novo membro da nossa família linda. Eu chegarei algumas horas depois para comemorarmos nossa noite de núpcias, ok?

— Mas ele vai desconfiar quando você não for viajar junto com a gente. É melhor eu preparar um jantar especial aqui em casa mesmo, igual eu fiz quando contei sobre a gravidez da Evelyn, lembra?

— Não. Por favor, Bonequinha. Faça isso por mim. O Mozão precisa desse momento único na vida dele.

Anastasia assentiu ao pedido do seu marido, dando-lhe um selinho rápido para não borrar o batom e o mandou descer, pois ela já estava indo também.

— Antes de eu ir, quero que use isso aqui – Jack tirou, novamente de dentro do bolso interno do terno, um pequeno pente de cabelo adornando de pérolas e Ana concordou, já virando meio de lado para que ele colocasse em seu cabelo, depois foi olhar-se no espelho.

— Ele é lindo, Ursinho.

— Dizem que as noivas precisam usar algo velho durante o casamento. Bom... Esse acessório de cabelo, minha mãezinha usou quando se casou e como o Christian não tinha como usar ele quando nos casamos, eu o guardei para uma filha no futuro. Mas hoje eu o estou dando a você, Bonequinha.

— Eu amei – ela disse sorrindo radiante e se virou para seu marido – Agora vai, amor. Avisa para o Mozão e para os convidados que eu vou descer em cinco minutos.

Jack assentiu, jogando um beijinho no ar para sua noiva, antes de sair do quarto. Anastasia respirou profundamente por alguns segundos, tentando não chorar pela emoção misturada aos hormônios então foi para o closet e pegou os dois balões vermelhos, em formato de coração que Ethan havia comprado a pedido dela e após amarrá-los cada um em um de seus pulsos, pegou o buquê sobre a cama e se dirigiu para fora do quarto.

Enquanto descia a escada decorada da mansão deles, ela enxugou o canto dos olhos e assim que adentrou a grande sala de estar, toda adornada com flores brancas e vermelhas para que se parecesse com a decoração de quando se casa em uma igreja, Ana avistou Christian e Jack no outro lado da sala e sorriu para os seus dois amores de sua vida.

Ambos ficaram surpresos ao ver os balões com as palavras “Mãe” e “Pai” escritas neles e sentiram que talvez Anastasia quisesse fazer uma homenagem aos pais que ela havia perdido em tenra idade. Assim que a jovem noiva chegou ao altar montado em frente a uma das janelas, ela se encaminhou até um canto e amarrou os dois balões ali, retornando para perto de Jack e Christian, já se posicionando entre eles.

À medida que o cerimonialista dava início a bela cerimônia, os três relembraram os últimos quatro anos onde cada um aprenderam que ser pais tinha seus altos e baixos. Havendo momentos de alegrias com cada descoberta que a pequena Juliett fazia enquanto dava seus primeiros passos nessa vida, e momentos de preocupação quando a mesma ficava doente e os três intercalavam nos cuidados dela.

Relembraram a felicidade de quando Ana anunciou que estava grávida novamente e do nascimento de Evelyn. Em especial, Jack relembrou quando Anastasia lhe pediu ajuda há um ano, pois a mesma desejava dar também um filho de sangue para o Christian, já que a mesma tinha descoberto que ele possuía uma doença que o impedia de engravidar de forma natural.

— Jack, Anastasia e Christian, vocês reuniram pais, amigos e conhecidos para, na presença deles, assumirem o compromisso de viverem na comunhão do amor, prometendo um ao outro respeito e união. Então é de livre e espontânea vontade que o fazeis?

— Sim – os três disseram ao mesmo tempo.

— Diante deste “Sim”, queremos então ouvir os votos de comprometimento um com o outro e as promessas de um amor infinito e de uma beleza irradiante.

O primeiro a pegar o microfone e a falar foi o Christian.

— Ana, nós vamos cuidar de você. Vamos cuidar do seu sorriso. Vamos enxugar cada lágrima sua, de felicidade ou de tristeza. Vamos sempre procurar ser algo bom para você. Vamos te mimar, te beijar, te abraçar, te acolher e te amar. Vamos dar o melhor de nós por você. E vamos te acalmar quando você tiver um pesadelo ou quando estiver passando por algum momento difícil – ele disse, já passando o microfone para o companheiro que deu sequência.

— Seu sorriso vai ser o motivo do nosso e a sua felicidade vai ser a razão da nossa. Se necessário, daremos a volta no mundo só para te fazer feliz. Amaremos cada parte sua, cada detalhe, cada defeito seu, e valorizaremos cada qualidade sua. Vamos te amar, mesmo se o caminho se tornar difícil. Vamos te amar por igual e tão intensamente quanto nós dois nos amamos.

— O nosso amor é seu, Bonequinha – ambos disseram juntos, encarando Anastasia que já chorava, sutilmente.

Ela então pegou o microfone e respirou profundamente para tentar se acalmar.

— Como não sou boa com as palavras, então não consegui escrever meus votos, mas eu vou tentar expressar o que eu sinto em poucas palavras. Fiquei sozinha muito cedo, mesmo estando rodeada de pessoas, então pensei que havia encontrado algo para me fazer companhia, mas o tempo me mostrou que eu estava errada, então fugi e em meio a essa fuga eu encontrei duas pessoas maravilhosas que me acolheram, me amaram e me deram algo que eu tinha perdido a muito tempo... Uma família. E eu aprendi que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos amar. E agradeço imensamente à Deus, por ter me dado isso em dobro. Dois pares de mãos para me segurar e dois corações para me amar eternamente.

A emoção do momento agora se encontrava em todos os presentes à medida que eles trocavam as alianças que continham gravado o símbolo do duplo infinito. Depois das considerações finais do cerimonialista, os três deram um selinho triplo ao sons dos convidados. Ela os amava muito. Eles a amavam mais ainda. E naquele momento se tornaram o corpo e a alma um do outro, para todo o sempre.


FIM


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Um Jeito Estranho de Amar - Capítulo 58


ANASTASIA


Me sentei na beirada da cama, com as pernas molhadas pelo estouro da tal bolsa de água que tinha dentro de mim. Segundo a médica, se aquilo acontecesse era sinal de que a nossa filha ia nascer. Todavia, agora era uma péssima hora para que a Juliett resolvesse querer vir ao mundo, pois eu não sabia se o Christian e o Jack estavam bem ou não lá na sala.

“E se eles não conseguirem? E se a nossa filha nascer e José acabar roubando-a de mim antes de me matar?” pensei aflita, mas logo em seguida vi Gê adentrar novamente o quarto e se aproximar de onde eu me encontrava.

— Eles já estão vindo te ajudar – ela informou sentando ao meu lado.

De repente, Jack adentrou o quarto, apressado, e eu vi o rosto dele bastante machucado e com sangue, assim como o meu estava também devido à coronhada que levei do José.

— Vocês estão bem? Cadê o Christian? Por que ele não veio com você? – inquiri, o encarando preocupada à medida que Jack se ajoelhava a minha frente.

— Se acalme, Bonequinha. O Mozão sofreu uma facada na perna e não está podendo andar direito então pedi para ele ficar ligando para o Departamento de Polícia da ilha enquanto eu vinha te ver. Você está bem? Está com dor? – Jack perguntou tocando na minha barriga.

— Um pouco antes de quase alagar o quarto, eu senti uma dor no pé da barriga e senti ela ficar meio dura... Deu para entender, né Ursinho? – indaguei e ele assentiu, sorrindo sutilmente, então continuei contando – Mas não está doendo mais. Só estou um pouco com dor de cabeça no lado direito – comentei então ele se levantou e deu uma olhada em meu rosto.

— Você está com um corte na sua têmpora, mas graças a Deus não foi tão profundo. Só que vai precisar de uns pontos, Bonequinha. Provavelmente, uns dois ou três. Filha, pega para mim uma maletinha preta que está no armário debaixo da pia do banheiro.

Geovanna assentiu e logo saiu do quarto.

— Acho que suas contrações estão bem espaçadas ainda. Assim que tiver outra me avise para eu poder monitorá-las, ok?

— Tudo bem, mas eu quero ir logo para o hospital, porque eu não vou querer ficar sentindo dor por muito tempo – resmunguei, fazendo bico e Jack sorriu.

— Aqui na ilha não tem hospital, Bonequinha. Bom... Tem, mas não é um bem equipado com sala de cirurgia para fazer uma cesariana e nem possui UTIs, principalmente uma UTI Neonatal para o caso de acontecer alguma intercorrência durante o parto. O mais próximo é o Hospital Geral em Vancouver, que é para onde provavelmente vão encaminhar você e o Mozão.

— Aqui, pai.

— Obrigado, princesa.

— GENTE! VOCÊS ESTÃO BEM AÍ? – ouvimos Christian gritar.

— Acho melhor irmos para a sala – comentei e Jack concordou, já fechando a maleta de primeiro socorros antes de nós nos dirigirmos até onde Christian se encontrava.

Quando vi o corpo morto do José estendido ali no chão, senti como se tivesse a minha liberdade de volta, que eu não precisasse mais fugir.

— Você está bem, Bonequinha?

— Estou sim. E você, Mozão? Tá doendo muito? – inquiri, me sentando no sofá ao lado do braço que ele estava.

— Eu vou sobreviver – Christian murmurou tentando sorrir, mas era nítido a expressão de dor que passava em seu rosto – Filha, eu sinto muito por ter matado seu irmão, mas não tive outra escolha para que pudéssemos nos salvar.

— Está tudo bem, pai – Gê falou dando um abraço nele, meio que de ladinho – José sempre foi um babaca. Me via apenas como um pedaço de carne que ele só estava esperando crescer mais para poder me vender para algum dos amigos pervertidos dele. José nunca se importou comigo. Por isso preferi mudar o meu sobrenome para o de vocês.

Christian soltou um “Tudo bem, princesa” antes de beijar a testa da Geovanna e de pedir para o Jack, que se encontrava terminando de fazer um curativo superficial em meu rosto, para que o mesmo pegasse uns lençóis e cobrisse os corpos enquanto esperávamos a polícia chegar.


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Fiquei meio receosa quando, à medida que os paramédicos nos atendiam, os policiais começaram a nos fazer perguntas sobre o envolvimento de cada um de nós com os mortos. Minha tensão era mais porque eu ainda tinha o meu passado criminoso para ocultar das autoridades. Se eu falasse de algum crime ou algo do tipo, eles com certeza me prenderiam e isso me afastaria da minha nova família.

Falei então o básico referente ao relacionamento abusivo que vivi com o José por todos esses anos. Eles após alguns minutos nos liberaram a fim dos paramédicos nos conduzirem para a ambulância. Devido ao ferimento mais grave do Christian em sua perna, ele foi o único a ir de helicóptero para o hospital em Vancouver, já nós três fomos no barco-ambulância do Corpo de Bombeiros da ilha.


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Quando chegamos no hospital, minhas contrações já se encontravam bem mais frequentes, além das intensas dores, então fui separada da Geovanna e do Jack, que foram conduzidos para a ala da emergência para cuidarem dos ferimentos dele. Enquanto a mim, fui para a ala da maternidade após um médico aparecer e me avaliar. O mesmo se recusou a fazer uma cesariana em mim, mesmo eu pedindo.

Segundo o doutor me informou, minha filha já estava encaixada na posição correta e eu me encontrava em plenas condições de ter um parto normal. Ele acrescentou que me daria apenas um remédio para aliviar as dores, uma tal de peridural e eu já pedi para me injetarem logo umas cinco de uma vez, o que foi recusado novamente pelo médico.

Eu já estava para dar na cara dele de raiva quando uma mulher entrou no quarto, me informando que iriam me preparar para o parto que seria ali mesmo.




JACK


Após me liberarem, já que meus ferimentos não mereciam tanto cuidados assim, fui com a Gê atrás de pedir informações sobre o paradeiro do Christian. O mesmo se encontrava ali na emergência também, recebendo pontos em sua perna depois que tiveram certeza de que a faca não tinha atingido nenhuma área perigosa, como eu tinha suspeitado erroneamente quando dei uma avaliada superficial antes.

Não demorou muito e meu sogro apareceu, se aproximando rapidamente do leito, informando que ele estava terminando de fazer uma cirurgia de reconstrução mamária quando lhe avisaram que o filho dele se encontrava ferido na emergência.

— Eu estou bem, pai. Só vou ficar uns dias sem pisar com essa perna e com o lábio inchado.

Contei a Carrick, de uma forma breve, sobre o que havia acontecido com a gente em Bowen Island e ele acabou nos pedindo para deixarmos o nosso advogado em alerta, pois segundo meu sogro, mesmo que as mortes tenha sido por legítima defesa, os policiais às vezes gosta de pegar no pé, principalmente se eles são guiados pelo preconceito.

— Não se preocupe, Carrick. Quando estávamos vindo, eu mandei mensagem para o Dr. Sender. Ele já está a par do que houve conosco e está a caminho. Até porque temos que resolver a parte burocrática sobre o nascimento da nossa filha que vai ocorrer em solo canadense e queremos registrá-la nos Estados Unidos. Mas para atravessarmos a fronteira do país, precisaremos de algo que nos respalde.

— Verdade. Bom... Quer que eu fique com você, filho?

Christian negou, mas pediu para que o meu sogro levasse a Geovanna para a casa deles e ele concordou, já saindo com a nossa filha após nos despedimos dela. Fui então buscar informações sobre a Ana e logo soube que a mesma estava na ala da maternidade, sendo preparada para um parto normal.

A muito custo, conseguimos fazer com que liberasse o Christian para ir assistir ao parto junto comigo, mas o mesmo foi de cadeira rodas sendo conduzido por um técnico de enfermagem.

— Olha quem veio visitar a grávida mais linda desse hospital – murmurei à medida que adentrávamos o quarto.

Anastasia sorriu ao nos ver e parecia estar animada.

— Ursinho! Mozão! Ei, Ursinho, você sabe quem inventou essa tal de peridural? Porque eu quero muito me casar com esse ser humaninho maravilhoso.

Não aguentamos e rimos.

— Eu, se fosse você, me casaria era com o cara que criou a ráqui, Bonequinha. A anestesia raquidiana é a que inibe a dor instantaneamente. Aplicou... Boom! A dor sumiu em segundos.

— Mentira? E por que o senhor não me aplicou essa daí? – ela inquiriu, olhando para o médico que se encontrava do outro lado da cama anotando algo no prontuário – Me fez ficar dez minutos com dor ainda. Vou te denunciar por malvadeza, viu?

— Ele só está fazendo o trabalho dele. Deixa de implicância, Bonequinha – Christian comentou, já sendo alvo do olhar sério da Ana.

— Vem parir aqui no meu lugar para você ver se é implicância minha. Do jeito que você é chorão, iria era está aos prantos por causa da dor também.

— É por isso que Deus não fez homem com útero. Somos muito fracos para aguentarmos uma dor desse nível – salientei, rindo, já sendo acompanhado por todos naquele quarto.


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Depois de quase uma hora, com as contrações da Anastasia vindo agora de três em três minutos, o obstetra disse que faria um novo toque para ver o quanto ela tinha evoluído na seu dilatação. Após o exame rápido, o mesmo mandou a Ana respirar profundamente e reunir todas as suas forças, porque na próxima contração ela já deveria empurrar o mais forte possível.

Anastasia assentiu, então eu e Christian nos posicionamos um em cada lado da cama, seguramos as mãos dela.

— Estamos aqui para sermos sua força, Bonequinha – Christian sussurrou, sorrindo e eu concordo também em seguida, beijando o dorso da mão dela.

— Obrigada...

Mais uma onda de contração a acertou e a parte crucial do parto se deu início. Foi como se tudo estivesse em câmera lenta até o momento em que escutamos o som do chorinho da nossa pequena Juliett. Eu não sei quem estava mais choroso ali, se era eu, o Christian ou a Ana que se encontrava com nossa pequena deitada sobre ela, segurando-a.

Provavelmente todos estávamos muito emocionados naquele momento, principalmente quando o médico nos deu a tesoura e decidimos que iríamos cortar juntos o cordão umbilical da nossa filha.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

My Sugar Daddy - Capítulo 15


CHRISTIAN


Passei a noite toda com a Ana, confortando-a pelo seu luto. Eu, em parte, entendia o que a mesma estava sentindo e o estado emocional que ela se encontrava naquele momento, pois eu já havia passado por aquilo duas vezes, tanto com a morte do meu pai quanto com a morte da Hearth.

Pela manhã, me levantei bem cedo, deixando Anastasia ainda dormindo e fui fazer algumas ligações. Liguei primeiramente para o reitor do campus e conversei com ele, por alguns minutos, sobre a semana livre que os alunos recebiam em caso de morte de algum colega de quarto.

Solicitei que a Ana tivesse duas semanas, ao invés de apenas uma, sem que isso interferisse em seus estudos e o reitor concordou. Depois liguei para um dos pilotos do meu jato particular e mandei que o mesmo preparasse o avião para hoje à tarde, dando em seguida o destino da viagem.

Meus planos era levar Anastasia para passar essas duas semanas de descanso com a família dela em Great Falls, a fim de a mesma poder amenizar a dor de sua perda. Enquanto isso, eu ia tratar pessoalmente sobre a pesquisa e compra de algum terreno para a clínica dela.

Para finalizar, liguei para Denise para avisá-la de que eu iria viajar por no máximo uns três dias e que assim que o resultado dos exames do cavalo chegarem, se fosse confirmado que a doença do mesmo não era nada grave, que ela o levado para o meu haras para ser tratado lá.

Pedi também que ficasse de olho tanto na minha mãe, como ela sempre ficava quando eu precisava viajar, quanto que de olho na Freya e Denise concordou. Então, fui ver o que Ana possuía na cozinha dela para poder preparar um café da manhã reforçado, já que ela não quis jantar ontem.


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Estava preparando uma jarra de suco com algumas laranjas que eu havia encontrado na fruteira perto da geladeira quando senti ser abraçado por trás, tendo minha cintura envolvida e sentindo os lábios da Anastasia beijar o alto das minhas costas, protegida pela blusa que eu usava.

— Bom dia, minha flor de laranjeira.

— Bom dia, querido.

— Estou terminando esse suco aqui de laranja e fiz omelete para nós dois – falei, acariciando seus braços com uma das minhas mãos livre enquanto que a outra mexia o suco.

— É errado se apaixonar por alguém, mesmo sabendo que não é recíproco e que tudo que você tem pode acabar de uma hora para outra?

— Você está apaixonada por mim? – indaguei, já ouvindo ela ri baixinho contra minhas costas então parei de mexer o suco e me virei, me recostando à bancada e envolvendo a cintura dela com meus braços à medida que nos encarávamos.

— Você é tão direto.

Ri e tirei algumas mechas de seu cabelo meio desgrenhado da frente de seu rosto, colocando-as de trás de sua orelha.

— Oh, minha linda... Não é errado você está apaixonada por mim. Você tem que viver a vida intensamente. Se apaixonar e desapaixonar quantas vezes forem necessárias para que você, ao final de tudo, possa dizer “Eu vivi cada momento da minha vida com muito orgulho”.

Ana sorriu, mas percebi que foi um sorriso triste. Ergui então uma das minhas mãos novamente e acariciei sua face antes de, delicadamente, erguer seu queixo, fazendo com que ela me olhasse profundamente nos olhos.

— Você deseja construir uma família no futuro, mas infelizmente eu não posso lhe dar isso... uma família para chamar de sua.

— Eu aceito viver com você, sem filhos, apenas tendo você ao meu lado para sempre. Só você sendo minha família.

— A maioria das mulheres querem filhos em algum momento da vida. E convenhamos, mesmo me cuidando, eu não tenho muito tempo para ter uma relação a longo prazo. E eu não quero você passando pelo que eu passei com a Hearth.

— Você vai viver até seus cem anos.

Sorri e a beijei ternamente.

— Vamos viver o momento, minha linda. E sobre não ser recíproco e que tudo pode acabar de uma hora para outra, saiba que eu gosto muito de sua companhia, de estar com você, de conversar com você, de transar com você – confidenciei a última parte em seu ouvido, fazendo ela dar uma risadinha – E eu quero levar esse namoro até você terminar sua faculdade ou além, quem sabe. Do futuro só a Deus pertence. Tudo bem, minha flor de laranjeira?

Ela assentiu antes de afundar seu rosto na curvatura do meu pescoço.

— Vamos tomar um café bem reforçado e depois preparar nossas malas.

Anastasia me encarou rapidamente.

— Malas? Vamos viajar?

— Sim. Devido ao que houve, você recebeu duas semanas livres das aulas do campus, então pensei que seria uma te levar de volta para Great Falls para você matar a saudade de sua família.

— Sério?

Os olhos dela pareceram brilhar de alegria quando concordei, Ana então me beijou, dando depois vários selinhos pelo meu rosto antes de eu abraçá-la.

— Obrigada! Obrigada! Obrigada! Mas assim você não está me ajudando muito em me fazer esquecer a minha paixonite por você – ela comentou, sorrindo.

— Não mandei você esquecer, minha linda. Mandei você viver a vida intensamente. Se por agora está apaixonada por mim, tudo bem. Só não quero que faça disso um objetivo permanente na sua vida. Você é jovem e vai amar e sofrer muito ainda por coração partido, ou espero que não, já que você é uma moça incrível e meiga.

— Meiga? – Anastasia inquiriu, rindo – Os caras da fazenda do meu pai discordariam disso.

— Esses homens não devem saber o que é uma mulher meiga. Estão acostumados com mulheres estilo potrancas, mas eu sou diferente e sei que você é meiga, minha flor de laranjeira. Venha vamos comer – falei dando um selinho nela, antes de conduzi-la até a mesinha de jantar da cozinha.


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Às duas da tarde, nos encontrávamos embarcando no meu jato particular, onde minha comissária de bordo logo veio nos oferecer alguma bebida para começarmos a viagem.

— Tudo bem, minha flor? – perguntei assim que notei a Ana ficar meio sem graça, quando a moça lhe serviu uma taça pequena de vinho branco.

— Sim. Só não estou acostumada com todo esse...

— Luxo? – complementei sua fala e ela assentiu – É bom tentar se acostumar, pois viajaremos muito de jatinho, além de que eu vou te dar os melhores e luxuosos presentes do mundo. Estou brincando, minha querida. Não precisa me olhar com essa cara de espanto – murmurei, rindo, vendo Anastasia rir também antes de beber um pouco do vinho dela.


My Sugar Daddy - Capítulo 14


ANASTASIA


Assim que me aproximei do prédio de apartamentos do campus, vi algumas viaturas da Polícia de Dallas e alguns policiais em frente do mesmo. Senti um aperto no meu coração, mas tentei ser otimista e não pensar que aquilo tudo fosse por causa do sumiço da Kate.

Estacionei o meu carro um pouco distante de onde sempre paro e me dirigi para a entrada do prédio, porém um dos policiais me barrou, perguntando quem eu era e o que eu fazia ali.

— Eu moro nesse prédio, senhor – informei, já mostrando minha carteira de identificação do campus, então ele me encarou por alguns segundos e me deixou passar.

Subi os lances de escada quase que correndo e mal pisei no corredor, onde fica nosso apartamento, vi dois policiais na porta de nossa casa. Respirei fundo e me aproximei devagar, sentindo novamente o aperto no meu peito, porém mais forte.

— Eu moro aqui – falei para os policiais que me barraram também quando tentei entrar no apartamento.

Um deles adentrou e chamou um cara que se aproximou, já saindo para o corredor e se apresentando como sendo um dos investigadores da polícia local.

— Você conhece Katherine Kavanagh? – ele perguntou e o meu coração oscilou algumas batidas.

— Sim – murmurei com a voz meio engasgada – Ela é minha melhor amiga. A gente mora juntas. Não como um casal. Dividimos as despesas do apartamento, sabe? O que aconteceu com ela?

— Eu sinto muito...

Quando comecei a ouvir aquelas palavras, as lágrimas vieram violentamente aos meus olhos e logo eu estava chorando, recostada na parede, tentando aceitar aquela notícia horrível. Meu pensamento não pôde deixar de ir para os pais da Kate e no quanto eles iam sofrer com aquilo também.

O investigador foi bem atencioso comigo e me conduziu para dentro do apartamento, fazendo com que eu me sentasse no sofá da sala. Aos poucos, consegui me acalmar e o choro foi passando, deixando apenas a angústia, e eu pude perceber que havia uma certa movimentação ali dentro.

Tinha uma mulher tirando fotos, outro homem olhava os armários da cozinha e outro abria meu computador que se encontrava em cima da mesa.

— Esse notebook é o meu. O da Kate está no conserto – informei, limpando o meu rosto, sendo o alvo dos olhares de todo – A gente divide... quer dizer, dividia ele – complementei, após ter dado a senha do aparelho para o cara – É difícil de acreditar que ela morreu. Eu saí ontem e a deixei bem.

— Pode me dizer para onde a senhorita foi? – o investigador inquiriu e eu assenti.

— Para o Haras do meu namorado. Eu ia passar o final de semana lá. Só vim porque mandei mensagem e liguei para a Kate e o telefone deu como se estivesse desligado.

O investigador me contou que haviam encontrado minha amiga às margens do Lago Bachman, que ficava a uns 11 minutos de carro daqui do campus. Ele então me perguntou se ela tinha algum namorado e eu rapidamente, neguei com a cabeça.

— Não. Ela ficou com dois rapazes do campus numa festa à alguns meses, mas foi lance de só uma noite mesmo. Eu não sei se isso tem haver com o que houve com minha amiga, mas ontem a Kate ia sair com um Sugar Daddy que ela havia conhecido em um site Sugar, que nós duas nos cadastramos.

Acabei tendo que explicar sobre o que era o Mundo Sugar para o investigador e o mesmo anotou tudo que eu falei. Depois me perguntou se poderia ficar com o notebook como prova, já que um dos policiais tinha achado as conversas e o perfil da Kate no site Sugar, e eu assenti.

Ele me pediu também para acompanhá-los até o Departamento de Polícia de Dallas para que eu pudesse dar o meu depoimento sobre o caso, além de que eles precisavam coletar minhas impressões digitais e meu DNA. Segundo o investigador estava claro que eu não era suspeita, porém eles precisavam me descartar por completo.


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Cheguei em casa algumas horas depois e assim que adentrei o apartamento, senti um vazio tão grande em meu peito que comecei a chorar novamente, lembrando do momento que tive que ir até o necrotério para confirmar se era mesmo a Kate.

Não dava para acreditar que algumas horas atrás ela estava sentada na minha cama, rindo, e agora se encontrava lá deitada naquela maca, pálida e sem vida. Isso me fez pensar que a nossa vida é apenas um sopro, que a qualquer momento podemos partir e deixar as pessoas que amamos para trás.

Tomei um banho demorado para pôr as ideias no lugar, depois fui arrumar o pouco de bagunça que os policiais fizeram quando estavam ali verificando tudo. Preferi não ligar para o Christian, pois a filha dele havia chegado e isso só iria incomodá-lo.

A campainha tocou inesperadamente, fazendo-me sobressaltar um pouco, então me dirigi até a porta e abri uma brecha dela, já me surpreendendo ao ver Christian ali parado. Ele sorriu para mim assim que eu abri totalmente a porta.

— Você não entrou em contato então vim ver como estava – Christian comentou, entrando no apartamento quando lhe deu passagem – Está tudo bem com sua amiga, minha querida?

Suspirei profundamente, fechando a porta, me virei e o encarei.

— Ela morreu – informei, ciente do nó pré-choro em minha garganta.

Ele me olhou, meio assustado, então se aproximou, me abraçando de um jeito carinhoso e confortador, fazendo com que eu me sentisse segura nos braços dele.

— Eu sinto muito, minha flor de laranjeira. Você não está só nessa. Eu estou aqui com você.

Apenas assenti com a cabeça, que se encontrava repousada sobre a curva do seu pescoço enquanto meus braços rodearam sua cintura e minhas mãos apertaram forte sua blusa à medida que o choro emergia de novo.


My Sugar Daddy - Capítulo 13


CHRISTIAN


Depois que Ana respondeu a minha mãe, a mesma não a provocou mais. Provavelmente, ela deve ter ficado sem saber o que falar, pois nenhuma das minhas outras esposas e namoradas nunca a havia enfrentado daquele jeito. Espero que isso faça com que minha mãe veja que a Anastasia é diferente e que comece também a respeitá-la de uma vez por todas.

Após terminarmos de tomar o nosso café da manhã, nos despedimos da minha mãe e fomos para frente da mansão, onde Duquesa e Sultão já se encontravam devidamente selados à nossa espera. Assim que Ana viu a égua, já se aproximou dela, passando a mão na lateral da Duquesa, alisando seu belo e escovado pelo marrom, subindo para a crina loira da mesma.

— Qual é o nome dele? – Anastasia inquiriu, assim que eu parei perto dela.

— Dela – a corrigi e Ana me olhou – É uma égua. Ela se chama Duquesa e é uma das éguas que eu mais gosto, assim como o Sultão ali.

Anastasia sorriu, já dando um “Oi” para sua égua, acariciando o focinho da mesma, antes de se preparar para subir.

— Vamos? – indaguei, quando estávamos ambos sobre nossos cavalos.

Ela assentiu então saímos lado a lado, com a Duquesa e o Sultão caminhando devagar. Nossa primeira parada foi para ver a égua que havia parido na noite anterior. Ana acabou tirando uma foto da Imperatriz e do potrinho dela.

Então perguntei se a mesma queria batizar ele e Anastasia aceitou, batizando o potrinho de Thor. Depois que saímos do estábulo, levei ela para conhecer o resto dos instalações do Haras.

Ana gostou bastante e notei que ela se sentia em casa, conversando comigo de modo natural sobre as coisas da fazenda. Minhas outras namoradas nunca ficavam interessadas, elas só queriam saber de ficar mais na piscina, tomando sol e tirando fotos.

Estava se tornando maravilhoso namorar com uma mulher que possuía os mesmos interesses que os seus e logo a ideia de um futuro quinto casamento em minha vida passou pela minha cabeça como um sussurro soprado pelo vento que nos rodeava à medida que voltávamos para a mansão para almoçarmos.

Mas, logo descartei a ideia porque seria muita maldade demais da minha parte casar com a Anastasia e privá-la de ter uma família e, principalmente, de ser mãe no futuro. Todavia, eu iria fazer esse namoro durar muito mais tempo do que estou acostumado.

Sempre namorei o tempo que as Sugar Babies precisavam para se tornar independente financeiramente, seguindo os sonhos delas o que não durava muito. Minha intenção com a Ana era essa, mas a conhecendo melhor esses dias e vendo que nossos interesses se combinavam, a companhia dela passou a ser algo que eu queria por mais tempo.

Então eu ia financiá-la por todo o período da faculdade dela e ainda a ajudaria com a clínica que a mesma queria montar na sua cidade natal. Assim que chegássemos em casa, eu iria ligar para um dos meus homens de confiança para que o mesmo fosse sondar logo alguns lugares bons para ser a clínica da Anastasia.

De longe vi um carro conhecido parado em frente a casa. Suspirei contrariado ao perceber que era o veículo da Denise. Com certeza, foi a minha mãe que devia ter armado isso. Eu deveria ter desconfiado que ela ia dar algum jeito para revidar o afrontamento da Ana.

— Se prepare, querida. Minha mãe vai ficar mais irritante com você agora – alertei, assim que descemos dos cavalos.

— Porque?

— Denise está aqui – informei, indicando o carro perto de nós e ela pareceu entender a situação.

Adentramos na casa de mãos dadas e logo vi na sala de estar, Denise sentada no sofá conversando com a minha mãe, mas nem consegui dar um passo até elas, pois escutei a voz de Freya vindo do alto da escada.

— E aí, cowboy!

Sorri, vendo-a descer.

— Oi, potrinha – falei, já a abraçando – Chegou cedo. Não era só mais tarde que você ia chegar?

— Sim, pai. Mas meu voo foi antecipado daí encontrei com a tia Denise no meu voo de conexão e ela me deu carona até aqui, já que a mesma estava vindo falar com o senhor. Aí que saudade que estava do meu paizinho lindo.

Freya me deu outro abraço apertado e se desvencilhou um pouco, já olhando de forma curiosa para Anastasia, então as apresentei. Minha filha mais nova sempre se deu bem com as minhas namoradas, ou pelo menos sempre aparentou se dar bem, então fiquei feliz que com a Ana tinha ocorrido tudo bem também.

— É um prazer te conhecer – Freya disse ao terminar de abraçar a Anastasia.

— O prazer é meu. Espero que não se importe por seu pai está me namorando.

— Relaxa. Eu sou de boa com isso. O importante é meu pai está feliz – minha filha comentou, me abraçando de lado – Mas toma cuidado com a minha irmã do meio, porque ela é chef de cozinha então a Faithe sabe usar muito bem uma faca, se você magoar o nosso pai, viu?

Não me aguentei e ri.

— Deixa de botar medo na Anastasia, potrinha – falei, fazendo as duas rirem também.

Logo Denise se aproximou de nós e nos cumprimentou, então a apresentei para Ana também. Ambas foram simpáticas uma com a outra, trocando beijos nos rostos até.

— Cuida bem desse homem, viu? Christian tem um coração de ouro – Denise disse, sorrindo para Anastasia.

— Pode deixar que eu vou cuidar bem dele sim.

— Já está cuidando, minha flor – informei, dando um selinho nela.

— Christian, não queria interromper seu dia com sua namorada, mas eu preciso de uns minutinhos com você. É sobre um cavalo que meu marido ganhou.

Assenti então Ana pediu licença, informando que ela iria tentar entrar em contato com a amiga dela enquanto eu conversava com a Denise. Depois ela se afastou, tirando o celular do bolso da calça, indo para a sala de refeições.

— Eu gostei dela, Christian. É diferente das outras.

— Eu também, tia. As outras eram meio dondocas – minha filha falou, rindo.

— Aí, vocês, viu?

— Ih, eu já ia esquecendo de te dar os parabéns, Christian. Você vai ser avó de novo – Denise murmurou, sorrindo.

— Poxa, tia. Como você descobriu se eu nem contei ainda para ninguém?

Olhamos para Freya na mesma hora com caras de espanto.

— Eu estava falando da sua irmã Faithe. Você está grávida também?

— Eu? Eu não disse nada não. Vocês que estão ouvindo coisas demais – minha filha falou e já se virou, indo para o rumo da escada.

— Freya... – a chamei em tom sério e a mesma voltou para perto de nós, fazendo um bico.

— Está bem. Eu estou grávida de dois meses. Por isso que adiantei o término do meu Au Pair.

Eu ia perguntar como tinha acontecido aquilo, mas minha mãe se aproximou de nós.

— Isso que dar deixar essa menina solta pelo mundo. Está aí, grávida e sozinha.

— É produção acidental independente, vó.

— Na minha época, isso era errado.

— Vozinha, sua época era no tempo dos dinossauros. Relaxa que eu dou conta de criar um filho sozinha.

— Espero mesmo, viu dona Freya?

De repente, vi Anastasia retornar com um semblante preocupado.

— Aconteceu alguma coisa? – inquiri e ela me encarou.

— Minha amiga não atende o telefone dela. Estou ficando muito preocupada, porque ela ia sair com um Sugar Daddy do site ontem. Acho que eu vou voltar para casa para ver se está tudo bem com ela. Desculpe não poder ficar o final de semana todo.

— Está tudo bem, minha flor. Vá ver se sua amiga está bem.

— Obrigada, querido.

Ana subiu às pressas para o quarto então minha mãe e Freya foram para a sala de refeições para almoçarem enquanto que eu preferi ficar na sala de estar conversando com a Denise sobre o tal cavalo. Minutos depois, Anastasia desceu com sua mala então pedi licença para Denise e acompanhei a Ana até o seu carro.

— Se houver qualquer coisa, me ligue. Tudo bem?

— Ok. Tchau, querido.

— Tchau, minha flor de laranjeira.

Trocamos um beijo terno, antes dela entrar no veículo e ir embora.